A IMPORTÂNCIA DA OPORTUNIDADE

POR JESER BATISTA

Na feira do livro que foi realizada agora em Imbituba, me recordei do tempo que aprende a ler.

Aos 6 anos me enviaram a escola, mas eu já tinha freqüentado o “jardim”. Bem depois de anos descobri que o jardim era também uma escola.

Na escola resolveram que eu já podia estudar na primeira série, pois já sabia ler e era comunicativo. Lá na primeira série por dois bimestres resolveram que eu era muito foda e que podia ir para a segunda. Então com seis anos eu estudava entre os de oito anos. Tudo ia bem, mas algumas coisas eu não compreendia.

Resultado disso foi que até hoje, não consigo cortar um papel, desenhar porra nenhuma, pois eu recebia os desenhos prontos, era só passar o lápis em cima.

Mas no meu mundo aprendi de outras formas também.

Uma vez conversando com meu Vô Lídio Batista, ele me ensinou a fazer contas, que eu não aprendia de jeito nenhum. Aprendi  calculando quantas sementes podíamos plantar naquele espaço de terra que meu Vô cultivava. Descobri o tamanho da área, aprendi multiplicação e divisão e na colheita aprendi fração. Que bom que meu Vô não pode ir muito tempo à escola, ele pode me ajudar. Foi ele que me deu meus primeiros livros e lia comigo.

Porque estou falando disso?
Venham comigo então…

Oportunidade é tudo na vida. Mas quando sabemos que é uma boa oportunidade?

Lá em 79/80 me davam oportunidades, mas decidiam entre alguns,  o que era oportuno para mim, o que era bom para mim.

Ah mas eu era uma criança, então é claro que alguém deveria decidir por mim. Certo?
Para mim, errado!

Acredito que sempre devemos conversar com as crianças, mostrar opções. Sim eu fiz e faço isso com meus filhos. E sim, deu certo. Eles aprenderam a decidir e, que toda decisão tem benesses e conseqüências.

Dar oportunidades, não é fazer pelos outros, dar a melhor opção pronta, é mais que isso. É dar conhecimento para que cada saiba  identificá-las.

E conhecimento se dá  de varias maneiras, mas uma é especial:  os livros.

Com livros se aprende sem interferências de uma terceira pessoa, é só você e o autor. Ninguém te diz o que o autor quis dizer. Você acredita numa idéia e fica com você.

Então lemos outro livro do mesmo assunto e descobrimos outras idéias, num terceiro livro, mais outra idéia então acontece a “ iluminação” . Você começa  a compilar coisas e se identifica com alguma idéia ou um compêndio de todas elas.

Com conhecimento você aprende quem é, o que quer, o que acredita. Mas tudo isso só seu, não o que querem que você acredite.

O que vocês fizeram com a 1ª Feira do Livro de Imbituba,  foi dar oportunidade.

A oportunidade de conviver com os livros.

Falamos de livros, falamos de leitura, falamos de crianças, de que se precisa ler, recolhemos livros pela cidade, pessoas andaram com livros em seus carros, fizemos falamos ainda dos livros que nos foram importantes, e muito mais.

Falamos disso durante meses seguidos,  fizemos o livro estar presente na vida das pessoas.

Tal qual o passo de Armstrong, foi pequeno pra ele, e grande para humanidade;  assim foram os passos que vocês deram com Feira. Uma pequena Feira, mas cheia de sentimentos, de vontade de fazer.

Muito obrigado a todos que me deram a oportunidade de ajudar. Obrigado ao convite espontâneo e sincero do Adil, que, com o tempo  descobri que somos amigos e do Maninho que é só vontade e dedicação, com inteligência e compromisso.

Obrigado a Carina, que nos fez caminhar, A Cris que trabalhou com idéias e com os braços, a Gláucia que trabalhou ancorada no seu compromisso  com os  livros e a cultura.

Ao Litinho? Pode ser assim? Que fez o que lhe estava ao alcance.

Obrigado a cada pessoa que dou livros, a cada pessoa que ajudar a carregar caixas lá na escadaria da ACIM, à imprensa que nos deu espaço, e aos que não nos deram,  quero dar-lhes um livro ainda, quem sabem aprendam a valorizar as oportunidades.

Obrigado a cada professora que fez o que pode e levou seus alunos lá na Feira.

E também obrigado aos que participaram no Contém Cultura, os profissionais do SESC aos contadores de história, e aos demais que nem conheci, mas que fizeram de um tudo para a Feira acontecer.

Se dali conseguirmos um avanço, um único leitor que se conheceu leitor ali, terá sido justo todo o trabalho.

E eu vi muitos sorrisos,  “…naquela tarde….e me valeu o dia…”

Obrigado a todos que me permitiram participar de algo que levou uma oportunidade de liberdade e conhecimento.

Estar com vocês é bom.

Daqui do ponto, de onde eu vejo,  podíamos chamar de:  feira da Liberdade e do conhecimento.

Abraço a todas e todos e,  muito obrigado.

Em tempo.
Aprendi esta ortografia, e a Dilma prorrogou a início do novo acordo, então ainda estou na norma antiga.

 

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